“Vou fazer meu nome no mundo inteiro e terminar a minha história”. Foram essas as últimas palavras de Cléber Santana à esposa antes de embarcar na trágica viagem de avião para a Colômbia. Aquele voo fatídico terminou com 71 mortes, das quais 42 ligadas à Chapecoense, incluindo a de Cléber, um jogador que deixou uma marca indelével na história do Sport Club do Recife e no coração dos torcedores.
Cléber Santana nasceu em Abreu e Lima, Pernambuco, e desde cedo mostrou talento e determinação. Sua jornada no futebol começou com muitas dificuldades, incluindo treinos diários de bicicleta, percorrendo mais de 10 km sem freio, usando sandálias para parar.
Essa resiliência e dedicação o levaram a vestir a camisa do Sport, onde ele rapidamente se destacou.
Sua passagem pelo Sport foi marcada por atuações brilhantes e um carisma que conquistou a torcida. Cléber Santana jogou pelo Leão da Ilha com garra e paixão, deixando sua marca em cada partida.
Ele sempre foi um exemplo de profissionalismo e dedicação, tanto dentro quanto fora de campo.
Após seu tempo no Sport, Cléber teve passagens por outros grandes clubes brasileiros, incluindo Vitória, Santos, São Paulo e Flamengo. Sua carreira internacional o levou ao Japão, onde jogou pelo Kashiwa Reysol, e à Espanha, onde vestiu as camisas do Atlético de Madrid e do Mallorca.
No entanto, a distância e o preconceito tornaram esses períodos desafiadores, e ele sempre ansiou por um retorno ao Brasil.
Passagem pela Chape
Nos seus últimos anos de carreira, Cléber encontrou equilíbrio na Chapecoense. Embora não tivesse um grande salário ou a perspectiva de enfileirar títulos, ele vestia a faixa de capitão com orgulho e tinha um papel central no time, sendo consultado até mesmo sobre contratações.
Sua influência no clube e na cidade de Chapecó era imensa, e ele estava em plena sintonia com a comunidade.
A tragédia de 28 de novembro de 2016, quando o voo 2933 da LaMia caiu, não apenas pôs fim à carreira de Cléber Santana, mas também arrancou de nós um homem solidário, que carregava não apenas seus próprios sonhos, mas também os da sua família e amigos.
“Ele me deu dinheiro para comprar uma casa”, lembra Weidson, um dos amigos inseparáveis de Cléber.
A dor da perda ainda é sentida profundamente por sua família e amigos. Sua viúva e filhos fazem terapia para lidar com a ausência, e sua mãe, às vezes, olha através da porta esperando que ele entre, como se tudo não passasse de um pesadelo.
A família ainda aguarda a indenização prometida e jamais paga pela Chapecoense, um símbolo doloroso da falta de justiça após a tragédia.
Cléber Santana deixou um legado de bondade, determinação e amor pelo futebol que continua a inspirar. Sua história é contada no documentário
“Cléber Santana: a estrela solidária”, uma produção da ESPN que estreou no Star+ e teve exibição na ESPN. Esse documentário é uma homenagem sensível a um homem que fez tanto pelo esporte e pelas pessoas ao seu redor, deixando um vazio que nunca será preenchido.
O Sport Club do Recife e todos que tiveram a honra de conhecer Cléber Santana nunca esquecerão sua trajetória, marcada pela luta, conquistas e, acima de tudo, pela solidariedade e humanidade que ele sempre demonstrou.