Pia Sundhage havia emocionado a todos em setembro ao tocar “Anunciação” no violão, revelando que o supervisor Miguel Ernesto lhe apresentara a canção que se tornou uma espécie de hino da seleção feminina.
Surpreendendo ainda mais, ela assumiu o piano para tocar para as jogadoras, sendo acompanhada por jogadores da equipe masculina posteriormente. Daniel Alves, Matheus Cunha e Diego Carlos cantaram uma parte da letra, mas não toda a música, que havia se tornado um sucesso em vários lugares do mundo, como Portugal.
A poesia anunciava que Pia Sundhage estava chegando “na bruma leve das paixões que vêm de dentro.” Aquela bruma representava tanto a névoa quanto o mistério das paixões que vinham de dentro, especialmente para as meninas proibidas de jogar futebol em um país dominado pelo machismo.
Torcedor do Sport Recife
Alceu Valença, o autor da obra-prima lançada no disco “Anjo Avesso”, de 1983, nascido em São Bento do Una, interior de Pernambuco, era torcedor do Sport na infância, jogou basquete pelo Náutico e passou a se sentir um traidor ao torcer para o Timbu contra o rubro-negro, ou vice-versa. Alceu também se encantou por Pia Sundhage, a quem seguia no Instagram.
“Eu cantei esta música na campanha das Diretas Já, e diziam que ‘Anunciação’ anunciava a volta da democracia”, recordou Alceu. Na conversa gravada na tarde de quarta-feira, Alceu compartilhou a história da música, dos versos, do mistério, da paixão pelo futebol e da torcida pela seleção de Pia Sundhage.
O cantor e compositor pernambucano, durante uma entrevista com o comentarista Paulo Vinícius Coelho, compartilhou que durante sua infância era torcedor do Sport. No entanto, ao jogar basquete na adolescência pelo Náutico, encontrou-se diante de um dilema. “Eu era muito pequeno, ficava ouvindo pelo rádio e era louco pelo Sport.”